A bioeconomia surge como uma solução estratégica para desafios ambientais e econômicos globais, unindo tecnologia e biodiversidade em um mesmo propósito.
Neste artigo, exploramos dados de mercado, políticas públicas e oportunidades setoriais que posicionam a bioeconomia como um campo fértil para investimentos em inovações sustentáveis e de alto impacto.
Atualmente, a bioeconomia já movimenta cerca de valor global estimado em US$ 4-5 trilhões, impulsionada pelos debates sobre mudanças climáticas e saúde pública.
Especialistas projetam que esse setor possa atingir US$ 30 trilhões até 2050, refletindo o compromisso crescente de governos e empresas com a preservação e uso responsável dos recursos naturais.
O mercado global responde a uma demanda por produtos mais limpos, processos circulares e soluções regenerativas, criando um ambiente propício para startups e grandes corporações explorarem novas fronteiras tecnológicas.
O Brasil ocupa uma posição única, detendo aproximadamente 20% da biodiversidade global e abrigando ecossistemas ricos em espécies endêmicas.
Um estudo da ICC Brasil, com apoio da Systemiq e da Emerge, indica que o país pode adicionar entre US$ 100 e 140 bilhões à economia até 2032, distribuídos em cinco setores-chave:
Para alcançar esse patamar, estima-se a necessidade de investimentos de US$ 15,7 bilhões na próxima década, aplicados em crédito, subsídios e capital de risco.
O Decreto nº 12.044, de 5 de junho de 2024, instituiu a Estratégia Nacional de Bioeconomia, definindo diretrizes para unir esforços governamentais, privados e da sociedade civil.
A bioeconomia, segundo esse marco, é estruturada em princípios de justiça, ética e inclusão, valorizando recursos naturais de forma sustentável, regenerativa e conservacionista.
O Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio) detalha metas, indicadores e fontes de financiamento para operacionalizar essa agenda ambiciosa, garantindo a colaboração entre diferentes setores.
A estratégia brasileira está integrada a programas como o Plano de Transformação Ecológica e o Nova Indústria Brasil, que direcionam investimentos para inovação verde.
Durante a presidência do G20, o país colocou a bioeconomia em pauta, com ações voltadas para antipobreza e pró-equidade, reafirmando seu papel na cooperação multilateral.
Iniciativas como o Fundo Vale para a Restauração e Bioeconomia já canalizam bilhões de dólares para projetos de descarbonização e bioinovação em diferentes biomas brasileiros.
A bioeconomia do conhecimento cresce apoiada por três pilares principais que aceleram a pesquisa e desenvolvimento de soluções práticas:
Essa convergência tecnológica permite reduzir custos de P&D, acelerar a chegada ao mercado e aumentar o impacto socioambiental positivo dos projetos.
O Brasil abriga 952 deep techs, das quais 43% estão ligadas à bioeconomia, principalmente nos setores de saúde, agro e materiais avançados.
Entretanto, há desafios a superar para converter conhecimento em inovação concreta:
Somente 10% da flora brasileira possui mapeamento genético e menos de 1% dos microrganismos têm potencial biossintético testado, evidenciando lacunas de pesquisa.
Além disso, é necessário fortalecer a infraestrutura de inovação com redes industriais, centros de validação e regulações mais ágeis para escalar tecnologias disruptivas.
Pesquisa da CNI revela que 7 em cada 10 empresários veem a bioeconomia como essencial para o futuro industrial, destacando a biodiversidade como ativo estratégico das empresas.
Empresas líderes já integram práticas de economia circular e biomanufatura para reduzir custos operacionais e fortalecer a reputação junto a consumidores conscientes.
Ao mesmo tempo, projetos comunitários incentivam a geração de renda em áreas remotas, promovendo inclusão social e repasse de benefícios para populações vulneráveis.
Para aproveitar as oportunidades, investidores devem consultar centros de pesquisa e hubs de inovação, buscando startups com propostas claras de impacto socioambiental.
Estratégias de co-investimento e fundos temáticos podem reduzir riscos e fomentar a escalabilidade de tecnologias promissoras em bioeconomia.
Empresas estabelecidas podem estabelecer parcerias público-privadas para compartilhar infraestrutura, acelerar validações e democratizar o acesso a mercados internacionais.
O engajamento com comunidades tradicionais garante a autenticidade dos projetos e facilita a obtenção de certificações socioambientais globais.
A bioeconomia representa uma fronteira promissora, capaz de gerar valor econômico, social e ambiental de maneira integrada e duradoura.
Com políticas robustas, inovação aberta e cooperação multissetorial, o Brasil tem potencial para liderar essa revolução verde e consolidar seu papel como protagonista global.
Chegou o momento de unir visão de longo prazo, recursos financeiros e responsabilidade socioambiental para transformar sua biodiversidade em prosperidade compartilhada.
Referências